segunda-feira, 21 de maio de 2012

MG terá comitê contra violência. Grupo reúne Secretaria de Defesa Social, Ministério Público e Polícias


Em uma tentativa de frear a criminalidade que avança em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) anunciou ontem a criação do Comitê Interinstitucional de Monitoramento de Repressão a Crimes Violentos, após a assinatura de uma resolução conjunta. Apesar de ainda não apresentar ações práticas, o objetivo do grupo é a elaboração de estratégias de combate aos crimes violentos específicas para cada uma das 18 Regiões Integradas de Segurança Pública (Risp) de Minas Gerais, com base na análise das estatísticas sobre crimes.
Na próxima quinta-feira, a Seds irá anunciar um pacote de medidas nas áreas de segurança de prevenção e repressão qualificada, além de ações para o sistema prisional. O comitê, que já tem uma reunião prevista para esta semana, na sede da Seds, será formado por um representante do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pelo chefe de Polícia Civil Militar e Civil e pelo comandante geral da Polícia Militar, além do próprio secretário de Defesa Social Rômulo Ferraz. A intenção é de que reuniões ocorram duas vezes por mês.

Os encontros com os chefes das polícias Militar e Civil das 18 Risps estão previstos para começar à partir do próximo mês. Segundo o secretário, o foco das ações será no combate aos homicídios e também às novas modalidades criminosas, como saidinha de banco, assaltos a shoppings e explosões a caixas eletrônicos, recorrentes em todo o Estado. Somente de janeiro a março deste ano foram registrados 959 homicídios em Minas, uma média de 10,5 por dia, conforme o último balanço divulgado pela Seds. Em março, a secretaria já havia divulgado que Belo Horizonte registrou, em 2011, uma média de 30,65 homicídios para cada 100 mil habitantes, um número três vezes maior do que o recomendando pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de 10 a cada 100 mil pessoas.
"Vamos procurar aperfeiçoar a atuação das polícias nesse combate, com mais inteligência e articulação", disse Ferraz. O secretário informou que as chefias de polícias das 18 Risps terão que apresentar estratégias contra o crime e os resultados das ações. "Há regiões que em que a criminalidade vem crescendo. Tem que ser feito um diagnóstico, sentar com os comandos e cobrar soluções de melhorias dos índices", afirmou.
Atuação. Sem apresentar dados, o secretário de Defesa Social informou que foram realizadas duas reuniões com as chefias de polícias da 1ª, 2ª, e 3ª Risps - responsáveis por metade da criminalidade violenta em Minas Gerais -, e que as estratégias adotadas já teriam reduzido em17% dos índices de homicídios na região. De acordo com Ferraz, as estatísticas de criminalidade de cada mês serão divulgadas sempre no último dia do mês seguinte.
Para o chefe de gabinete da Polícia Civil, Jésus Trindade, com o comitê, haverá um reforço nas ações contra a criminalidade. "A prioridade é o combate ao crime violento, com estratégias. É preciso recuperar a força das polícias", defendeu.
CRÍTICA
Especialistas defendem ação efetiva e imediata
A criação do Comitê Interinstitucional de Monitoramento de Repressão aos Crimes Violentos é vista com desconfiança por especialistas em segurança pública ouvidos pela reportagem de O TEMPO. Para eles, mais que se reunir quinzenalmente e traçar ações contra a criminalidade, é preciso que o grupo tenha força para conseguir fazer com que as medidas sejam efetivamente executadas, principalmente, diante das divergências entre as polícias Militar e Civil.

"Já se sabe onde estão os problemas. Agora, ações a curto, médio e longo prazo têm que ser colocadas em prática para reverter o quadro da criminalidade", afirmou o membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Robson Sávio.

Segundo ele, desde o fim da década de 1990, Minas já possui o Conselho Estadual de Defesa Social, com representantes das polícias Militar e Civil, da Secretaria de Estado de Defesa Social e da sociedade civil. "Mas o órgão não teve força para agir na integração das polícias e dar transparência aos dados", avalia.

Já Luís Flávio Sapori, coordenador do Centro de Pesquisa em Segurança Pública da PUC Minas, defende que as ações sejam imediatas. "Se (o comitê) ficar só em reuniões, nada muda. Tem que funcionar como força-tarefa", disse. (RR).

Fonte:  Portal do Jornal O Tempo

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